sexta-feira, 4 de março de 2011

Decisão pró Belo Monte é 'carta branca para caos'

O Ministério Público Federal (MPF) no Pará foi veemente nas críticas à decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) de derrubar a liminar que impedia o início da construção dos canteiros de obra da hidrelétrica de Belo Monte (PA).  Em nota, o órgão afirmou que a liberação das obras sem o cumprimento de ações de prevenção e redução dos impactos socioambientais do projeto é uma "carta branca para o caos na região".

A decisão do presidente do TRF1, desembargador Olindo Menezes, foi comunicada ontem e cassa a liminar expedida no último dia 25 pelo juiz Ronaldo Destêrro, da 9ª Vara da Justiça Federal de Belém.

"Atitudes como essa só comprovam que hoje o Ibama é o maior responsável pelo desmatamento na Amazônia", criticou o procurador da República Felício Pontes Jr., em nota.  "Em todas as etapas do licenciamento o governo federal vem desrespeitando a Constituição e as leis ambientais, com o auxílio do Ibama, que deixou de ser um órgão técnico e agora cede a pressões políticas".

O MPF alega que a licença que permite a instalação do canteiro de Belo Monte é "totalmente ilegal porque nem sequer está prevista no ordenamento jurídico brasileiro".  Além disso, o órgão destaca que um levantamento interno aponta que 29 das 66 condicionantes estabelecidas pelo Ibama em 2010 não foram cumpridas.  "Outras quatro foram realizadas parcialmente e sobre as demais 33 não há qualquer informação", destacou o MPF, para quem os impactos socioambientais da hidrelétrica podem causar "prejuízos irreparáveis".

Entre as preocupações estariam a possibilidade de um "colapso da infraestrutura urbana na região e danos irreversíveis ao meio ambiente e à população do Xingu".  O MPF alega que estimativas extraoficiais, às quais procuradores da República tiveram acesso apontaram a chegada de 8 mil pessoas em busca de emprego no município de Altamira (PA).

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